Gui
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Por Gui Takahashi (@guitakahashi)

Jornalista e criadora de conteúdo digital. Gosta de refletir e falar sobre beleza, comportamento e sociedade

Aposto que você também ficou exausta de ver as repercussões sobre a maquiagem de Pat McGrath para a alta-costura da Margiela, em meados de janeiro. Em pouquíssimos dias, a gente até se saturou de todo mundo falando, especulando, comentando, repostando, recriando. A própria maquiadora marcou uma live no Instagram para detalhar o processo, que incluiu aerógafos e oito camadas de máscara facial para garantir o efeito pele de boneca. Depois do burburinho, seguido do cansaço pelo tal burburinho, retomo algumas reflexões sobre a importância desse momento na beleza e na moda.

O visual criado pela maquiadora inglesa foi o epicentro de tanta euforia porque conseguiu compactar uma série de anseios inconscientes dos entusiastas da beleza. Primeiro, era um make tudo. Ou melhor, um make TUDÃO. O full look estava servido em bandeja de prata num belo banquete. Tinha peruca, lábios em tons inesperados, pálpebras coloridas, sobrancelhas apagadas e finas, blushes em nuances incomuns e a pele… A pele extremamente trabalhada que só uma alquimista como Pat poderia criar.

Por cobrir pautas de beleza desde 2013, acompanhei o abandono do make "olho tudo, boca nada". Depois, veio a ascensão vertiginosa do tal "make nada", com foco total na pele e sem uma emoção sequer nos olhos ou lábios. Com o crescimento da atenção do mercado para o skincare, surgiu o desejo pelo glow saudável. Daí, o tal "make nada" virou a "clean girl", impulsionada também pelo boom da marca Glossier com sua estética minimal e -- supostamente -- sem esforço. Ou seja, a saudade de um visual dramático andava pulsando forte em alguns corações. Nos últimos anos, tivemos alguns ensaios de um retorno dos looks emocionados. Um exemplo é Donni Davy, maquiadora de Euphoria, que fez muitas de nós sairmos colando pedraria nas pálpebras com sombra holográfica, tornando o que era considerado excêntrico um novo hype. Mas não pegou todo mundo e logo fomos arrebatadas pela latte makeup, aquela do esfumadinho marrom. Portanto, Pat para Margiela não só nos lembrou a palpitação que um look impactante pode causar, mas também veio atualizada e elevou o status quo. Ela pegou carona na glass skin, mas a levou a outro patamar.

Mais um trunfo do visual boneca Margiela foi nos devolver imagens dramáticas e impactantes pelo teor artístico, além de reposicionar a passarela como um lugar de sonho. Acredito que a internet tomou a frente dessa história de mostrar a vida "real" (mas de mentirinha) e bastidores (apesar dos filtros e edições mil) e tirou de cena os universos lúdicos, oníricos, místicos e surreais que os desfiles e editoriais representavam. Nos últimos anos, é possível perceber algumas grifes de moda se inspirando mais nas redes sociais do que o inverso. Se antes as maisons eram o topo da pirâmide das tendências, que iam escalando até chegar às ruas, hoje essa estrutura é comumente invertida por trends que surgem do streetwear ou dos virais online. Portanto, o retorno da conexão com o infinito de possibilidades criativas que a arte, a moda e a maquiagem em seus estados mais sublimes permitem é valioso. Sem falar que também é um respiro em meio a tantas imagens pasteurizadas que nos bombardeiam diariamente no mundo virtual em uma replicação de si mesmas.

Para quem é de coincidências, parece ainda que o timing todo se conecta, os astros se alinham e os pontos se ligam: alguém previu que o retorno do make emocionado coincidiria com um retorno estético Y2K e até a própria volta de John Galliano às manchetes, 13 anos depois de ter deixado a Dior após polêmicas? Na moda é possível lembrar até que faz anos que não vemos estilistas com aquela alma rebelde e extravagante, ora dark, ora punk, sendo headliners de fashion weeks, como era com Alexander McQueen, Vivienne Westwood, Jean Paul Gaultier e o próprio Galliano. Seria a hora de voltar? Pelo cronômetro dos ciclos de tendência, me parece que estamos perto, sim. Com ajustes, é claro, e novos parâmetros comportamentais. Mas acho cedo para tirarmos conclusões se a exuberância da última alta-costura Margiela vai se prolongar e chegar às ruas, mesmo que em releituras mais cotidianas, ou se foi só um gostinho para as entusiasmadas como eu.

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