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Mais do que um gesto livre de ego, recalcular a rota pode ser uma saída vital para marcas e pessoas. Instigada a se ver em outras facetas na passarela, Jal Vieira, um dos principais nomes da Casa de Criadores, reduziu o espaço da marca registrada de sua label, as franjas. "O universo da moda, às vezes, engessa a gente, né? Há a expectativa dos elogios e da aprovação, mas, como boa sagitariana, gosto de me arriscar. A zona de conforto me dá um certo desespero", explica a estilista.

Depois de privilegiar esculturas realistas na última coleção "Reticências" e no look da foto ao lado, inspirado no dresscode do Met Gala 2024, "Jardim do Tempo", a próxima linha dá sequência a esse trabalho de tridimensionalidade feito por Jal. Batizada de "Agora você me vê?", a coleção terá o afrosurrealismo como pano de fundo para mais experimentações, criando uma ponte direta com a proposta do movimento de ampliar as ideias do que é o ser negro no presente.

Jal Vieira cria look tridimensional inspirado no tema do Met Gala 2024 — Foto: Instagram @fdantasn
Jal Vieira cria look tridimensional inspirado no tema do Met Gala 2024 — Foto: Instagram @fdantasn

"As texturas vão ser exploradas com aplicação de pingentes nas peças, como amuletos de proteção a um corpo que não deve ser tocado. Já a beleza, assinada por Gabriel Simplício e Tamires Ramos, terá o cabelo como ferramenta de resistência", narra a estilista, que também se aprofunda nas histórias dos modelos para construir as peças sob medida para corpo e essência.

"Vou um pouco na contramão ao abrir uma roda de conversa em vez de fazer um casting convencional, mas é que, realmente, levo a sério que as pessoas são prioridades. Quando digo que o que me move são os encontros, é porque isso é real. Talvez, esse seja o meu talento: enxergar pessoas e escutar suas histórias", reflete a diretora criativa, que apresentará seu movimento na 54ª edição da CDC.

Quando a estilista aponta a escolha do casting como espaço para exercer essa humanidade, ela cita apenas a uma das etapas, já que toda a relação com as modelos é permeada por essa conversa cheia de olho no olho.

"Entendo que inclusão é você poder se expressar sobre algo, sentir pertencimento e ser escutado. Na coleção passada, por exemplo, as peças foram criada levando em conta a percepção das modelos. Não enxergo só como um corpo que modela para mim, mas sim uma história contada por ele mesmo. Quando eu desenvolvo uma peça, estou desenvolvendo o meu olhar a partir daquilo que tive de trocas essa pessoa", diz Jal, que costuma ser abordada após seus desfiles por olhos marejados

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